Existem algumas vertentes da homeopatia, como a unicista, pluralista e complexista. Para entender cada uma delas, é preciso relembrar antes de tudo os quatro pilares da homeopatia, dando um destaque para o terceiro:
1) Experimentação – Todo remédio homeopático é obtido após experimentação;
2) Lei da Semelhança – Procuramos, dentro da experimentação, o remédio mais semelhante à sua doença;
3) Remédio Único – O ideal é um remédio único para tratamento. Mas, tendo em vista a complexidade dos medicamentos e das pessoas, nem sempre é possível;
4) Doses Mínimas – Hahnemann, pai da homeopatia, considerava o paciente “fragilizado” pela doença e, portanto, deveria ser medicado com muito cuidado. Por isso as doses mínimas.
Para determinar qual será o remédio utilizado, é preciso ouvir o paciente. Quando ele chega até nós, traz uma queixa. Nosso trabalho é transformar essa queixa em “sintomas”. Por vezes os sintomas em homeopatia são diferentes do que se considera sintoma em alopatia.
Por exemplo: uma criança que tem medo de escuro e grita e vê vultos de sua própria sombra ou dorme bem a noite toda, mas tem um sono muito agitado. Para o alopata isso é normal, para o homeopata esse relato é sintoma. Para um homeopata, quanto mais raro e estranho é o sintoma, mais valioso ele se torna, pois acaba por ser muito característico da pessoa.
O sintoma traduz perturbação do equilibro biológico que o doente sente e relata, inerente a seus sentidos. Isso é uma manifestação do paciente, subjetiva: o doente sente, mas nem sempre transparece. Em certas circunstâncias esses sintomas repercutem no comportamento do doente, sendo assim percebidos pelo médico, passando a ser sintomas objetivos.
O doente chega ao médico e se expressa de maneira pessoal, exclusiva e cada paciente a sua maneira. Em consulta, ele conta como a doença começou , desde quando o que piora, o que melhora, o que adoeceu junto, como se sente com isso. Às vezes não conta e fazemos uma consulta a “saca rolha”. Assim criamos um quadro clínico de nome: “Síndrome Mínima de Valor Máximo”.
Depressão, febre, ansiedade, enxaqueca, representam sintomas muito comuns, mas depressão desde que mudei de casa, febre que aumenta às 16 horas, ansiedade antes de andar de avião, enxaqueca que melhora ao vomitar, são sintomas modalizados. E quanto mais modalizados, estranhos e raros, maior acerto na medicação que prescrevemos.
Bom, então já temos os sintomas. Como prescrever o melhor medicamento? Nos pilares da homeopatia, o item 3 diz: Remédio Único. Esse fundamento é o mais importante em homeopatia e o mais difícil de ser seguido. Se os medicamentos revelam suas propriedades nas experimentações, buscamos dentre eles o mais semelhante à doença de nosso paciente, administramos ao paciente e ele fica bom.
É assim? Seria uma maravilha! Não, temos cerca de 2000 medicamentos. Tem mais um senão: o paciente que procura homeopatia acaba aprendendo a se observar para poder definir sintomas de forma mais clara: qual é sua posição de dormir, qual é a comida preferida e qual faz mal, se ele transpira quente ou frio… A partir disso o paciente passa a se perceber de forma mais atenta. Podemos prescrever de diferentes formas, de acordo com experiência e formação: prescrição do medicamento mais adequado ao caso, o paciente retorna , fazemos nova repertorização dos sintomas restantes e damos outro medicamento… A essa forma damos o nome de Alternismo ou Pluralismo.
Pode-se preparar uma formulação contendo vários medicamentos misturados e a essa forma chamamos de Complexismo. Já o Unicismo é uma conduta de prescrição de um único medicamento, correspondente ao simillimum de determinado doente.
Além da variação da forma de prescrição temos as diferentes formas de o medicamento ser entregue ao paciente: glóbulos, líquido, pastilhas, comprimidos… E ainda tem as diferentes formas de diluição: CH (centesimal Hahnemanniana), LM (cinquenta milesimal). D (decimal de Hering), FC (Fluxo continuo).
Então, qual seria a mais correta forma de prescrição? Em novembro de 1840, o francês Benoît Jules Mure, discípulo de Hahnemann, trouxe a homeopatia para o Brasil. Esta é a data que se comemora o Dia Nacional da Homeopatia (21 de novembro). Assim como Mure, diferentes discípulos , tanto os pró como os contrários , difundiram-se pelo mundo e fundaram diferentes escolas. James Tyler Kent (1849 – 1916) foi homeopata nos Estados Unidos , tendo uma vasta obra, contribuindo com a homeopatia de forma significativa. Até 1930 cerca de 30% dos médicos americanos eram homeopatas.
Desta forma, com diferentes escolas espalhadas pelo mundo , existe uma gama infinita na forma de prescrição e de interpretação dos sintomas. A meu modo de ver relevante seria ter coerência na prescrição, o médico saber lidar com a primeira prescrição e com as seguintes, até levar seu paciente à cura.
Matéria pulicada em 09/2014: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/17953-unicismo-pluralismo-e-compexismo-entenda-as-vertentes-da-homeopatia
Imagem pulicada em www.abc.homeopatia.com