As rodas eram cilindros giratórios com uma grande cavidade lateral que se colocavam junto às portarias dos conventos. As rodas existiam sobretudo nos mosteiros de clausura mas também em alguns conventos. Inicialmente serviam de meio de comunicação entre o interior e o exterior do convento. Na abertura lateral, eram colocados objetos pelas pessoas que se encontravam no exterior do convento. Após a colocação do objeto, aquele que se encontrava no exterior tocava uma sineta e a irmã “rodeira”, no interior do convento, aí fazia girar a roda, retirando de seguida os objetos aí colocados.

Mais tarde começaram a colocar crianças enjeitadas ou fruto de ligações “inconvenientes”. Estes “filhos de ninguém” eram, muitas vezes, filhos de raparigas pobres, fruto de relações proibidas, ou mesmo crianças encontradas por eremitas que as recolhiam e as educavam até as colocarem na Roda.

De tanto ser usada, a roda acabou por se tornar legítima chegando a ser oficializada nos finais do século XVIII e a receber a designação de Roda dos Expostos ou dos Enjeitados. O intendente geral da Polícia do Reino, Pina Manique, reconheceu oficialmente a instituição da roda através da circular de 24 de maio de 1783, com o objetivo de pôr fim aos infanticídios e acabar com o horroroso comércio ilegal de crianças portuguesas que os espanhóis vinham comprar.

http://www.infopedia.pt/$roda-dos-enjeitados

Nos dias atuais, o  aumento do número de recém-nascidos abandonados – principalmente por imigrantes ilegais – tem feito alguns países da Europa reviver a  prática medieval da roda. A versão moderna da “roda” entrou em uso em hospitais na Itália, Alemanha, Áustria e Suíça. No lugar dos cilindros de madeira, o bebê é colocado num berço, através de uma janela que impede a identificação da pessoa que o deixou ali. O berço é aquecido e equipado com sensores que alertam médicos e enfermeiros sobre a presença da criança. Localizado em um bairro de Roma com grande concentração de imigrantes, o Hospital Casilino ativou o sistema recentemente. O primeiro bebê foi deixado ali e em quarenta segundos, uma equipe do hospital já estava cuidando do menino de 3 meses, a quem deram o nome de Stefano.

Não abando seu bebê

Cartaz do Hospital Casilino, em Roma: “Não abandone seu bebê. Deixe-o conosco”

A “roda dos enjeitados” foi criada em Marselha, na França, em 1188. Mas foi apenas na década seguinte que seu uso se popularizou. Na ocasião, chocado com o número de bebês mortos encontrados no Rio Tibre, o papa Inocêncio III mandou que o sistema fosse adotado nos territórios da Igreja. No fim do século XIX, o Hospital Santo Spirito, próximo ao Vaticano, um dos primeiros a dispor da “roda dos enjeitados”, chegou a receber cerca de 3.000 bebês abandonados por ano. Sobrenomes comuns de famílias italianas teriam origem na “roda dos enjeitados”. Entre eles, Esposito, que vem de “exposto” e Innocenti (alusão à inocência infantil). Um dos mais famosos usuários da “roda” foi o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que abandonou os cinco filhos que teve com a serviçal Thérèse le Vasseur. No curta Roda dos Expostos, a cineasta Maria Emília de Azevedo expõe a dor de um filho abandonado por esse método. Todas as noites, o personagem volta à “roda”, na esperança de reencontrar a sua mãe.

http://veja.abril.com.br/070307/p_073.shtml

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